sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Escola

Na última sexta-feira, as meninas e nós, passamos uma hora na escola. Conhecemos as outras crianças, seus pais e as professoras : Miss Hawes, professora da Júlia e Miss Veneziano, professora da Laura.
Baltha e eu nos dividimos. Acompanhei a Jú e ele foi com a Laura- que se garantiu com quem melhor domina a língua, claro!
Combinamos de no final trocarmos de sala.
Não era um encontro formal. As crianças brincavam pela classe, irmãos menores circulavam por ali e os pais conversavam, reencontro após férias, como deve ser em todo planeta. As carteiras arrumadas em pequenos grupos de 4, formavam um aconchegante semi-círculo. O nome de cada criança distribuídos pelas carteiras. Miss Hawes se apresentava aos pais. Deve ter uns 26 anos, agacha para falar oi para os pequenos. Comprimentei-a e contei que éramos brasileiros, chegando e blá, blá, blá, que a Jú não sabia ainda falar inglês, nem eu, e tal. Na lata eu queria garantir uma atenção especial para meu rebento, que me olhava de soslaio sem entender bulhufas do que acontecia. Miss Hawes disse que a Jú era a única estrangeira da classe, que ela teria aulas de inglês mas que tinham livros de história em Italiano. O que na perpectiva dela seria facílimo da Júlia entender. Fiquei surpresa de não encontrar outros estrangeiros, afinal o site da escola mostrava dados bem diferentes. Enfim, a professora mostrou o lugar da Jú e deu um papel para ela responder algumas questões sobre as férias, mas que ela poderia desenhar.
No horário combinado o Baltha chega para a troca de sala. Antes de ir ao encontro da Laura, apresento-o à professora e me despeço dela com um beijinho no rosto. Nem adianta me dizer: “Mas não te avisaram que americano não tem este hábito?” Avisaram milhões de vezes. Mas simplesmente estamos impregnados de Brasil. Faz parte da nossa cultura. Pela reação de Miss Hawes, ficou evidente que não faz parte da cultura dela!
Encontro Laurinha desenhando. Mostra animada onde fica seu escaninho, o tapete de história e sua professora. Volta a desenhar. Quando acaba, vira a folha para que eu veja e olha para mim. Ali, escondida no desenho, vejo uma bandeira do Brasil. Ao lado ela escreveu: “quero voltar”.
Aprendi hoje uma expressão daqui:
“No pain, no gain”.
Peguei-a no colo, e não pegamos um avião de volta.

4 comentários:

Unknown disse...

Coração apertado só de ler...

Anônimo disse...

Estou escrevendo hoje apenas, mas saiba que é muito gostoso saber de você e ler suas histórias de adaptação... dá para sair um romance, um livro sabe lá!
As crianças são mesmo sábias como você observou pelo desenho/ desejo da Laurinha.
Luisa

manu disse...

É de arrepiar.

Fernando Valente disse...

Tem muita discriminação contra latinos nas escolas dai?