quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Viva a Vodka

O marido de S., americana que mora perto de casa, vai ficar um ano trabalhando em outro estado enquanto a mulher padece por aqui com os 4 filhos, exatamente, 4 meus caros.
S. estava super zen, com um copo de plástico na mão cuidando das crias que se batiam no parque e pulavam umas sobre as outras. Com ela J., americana bem humorada, que morou quatro anos na Itália, também segurava um copo de plástico e corria atrás da filha que acabou de aprender a andar e a fugir.
Há tempo não as via. Desabafei que na noite anterior uma das minhas filhas tinha me deixado maluca e que eu queria poder trabalhar em paz:
- E depois que elas dormiram- completei- descobri que nem vinho eu tinha em casa para tomar uma taça e relaxar.
- Você quer um pouco?- J. respondeu com um sorriso cúmplice estendendo o copo.
- O que é isto?
-Vodka!
O relógio marcava cinco da tarde, as crianças se matavam e as americanas enchiam a lata.
Viva a América... Cheers!

domingo, 24 de agosto de 2008

Make a Wish


Yasuko fez uma festa para celebrar um ano que sua família veio do Japão para os Estados Unidos. Teve bolo.
- Faça um wish.- aconselhou uma criança na hora de apagar as velas.
- O que é wish?- quis saber Maki, a menina de 9 anos que há um ano atrás não consiguia pronunciar uma palavra em inglês.
- Aquilo que você quer, quer, e quer muito.- explicou outra criança.
O casal trabalhou rapido desde que chegou por aqui. Agora, além de Maki e Keito, o garoto elétrico de 4 anos, eles fizeram Couta, um bebê absolutamente zen que nasceu há 3 meses e com nacionalidade americana.
- Acho que nós, japoneses, temos que aprender a aproveitar mais da vida e trabalhar um pouco menos- desabafou Yasuko.
- E vocês- quiseram saber todos- não vão embora ainda para o Brasil, né?
- Esta é a questão da vez- respondi sem saber ainda sobre nossa vida.
Tinha muita comida japonesa que eles ofereciam em “marmita” para os convidados levarem para casa.
- Uau. Que delícia. Todo domingo minha mãe faz almoço na casa dela e todos nós saímos com potes de comida de lá.
- Que bom, assim vocês se sentem em casa e não voltam para o Brasil.
Pois é, precisamos logo descobrir nosso wish...

domingo, 17 de agosto de 2008

De volta à Marylândia

Ainda impregnadas de São Paulo aterrizamos novamente na “Marylândia”. O motorista de táxi, um senhor iraniano sem força suficiente para me ajudar a carregar as malas, pegou o dinheiro da corrida e a gorgeta, e largou toda a bagagem na calçada. O pai marido com cara de romeno não veio abrir a porta, ele estava viajando. O único ser que estava em casa era um esquilo que acabava de destruir as flores mais coloridas de nossa varanda.
As meninas, que choraram ao se despedirem da avó e dos tios no aeroporto,mudaram rapidamente de sintonia, e voltaram a conversar em inglês, brigar em inglês e pedir coisas, em inglês.
Já a mãe das crianças, euzinha, estava completamente fora do ar. Depois de três semanas no Brasil, uma noite viajando e praticamente sem dormir, estava difícil sintonizar em qualquer canal que fosse.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

De Drama a Pastelão

Última noite no Brasil. Despedidas, brindes e risadas. Ao final, abraços enternecidos tentavam segurar o tempo. De madrugada fui deitar e tive uma trabalheira fazendo a cama parar de rodar. Achei melhor garantir uma volta tranquila e fui separar os passaportes:
- Ah- ouvi a voz de minha irmã - não esqueça a autorizacão.
- Autorizacão, claro. AUTORIZACÃO!!!!
O sujeito meu marido e pai das meninas foi embora antes da gente e não deixou as autorizacões para que eu viajasse com as pequenas sem ele.
Aqui ficaremos até que os papéis cheguem. Anticlímax total.
Depois de belas cenas de despedidas cá estamos. Acho que quando a gente for embora pra valer, ninguém mais vai chorar ou sequer dizer tchau. Pois é meus caros, o que era drama passou a ser pastelão.