terça-feira, 22 de maio de 2007

Feira Internacional



Tem gente do mundo inteiro nesta cidade. Por isso as escolas promovem uma vez por ano uma Feira Internacional, para cada um mostrar o que seu país tem de bom.
Neste ano, na escola das minhas filhas estavam representados 15 países, dentre eles nós, Brasil com Z.
Fizemos painéis, escolhemos algumas músicas, artesanato e preparamos comes e bebes. Nossa barraca na feira ficou entre os chineses e os ingleses. De um lado, várias coisinhas "made in china" e cenas da festa do ano novo chinês eram exibidas na tela de um computador. Do outro, Harry Potter e os Beatles eram os abre-alas do país. Mas o povo não deu muita bola. Estavam mais interessados na comida.
Um americano se aproximou da nossa barraca. O filho encheu a boca de brigadeiro e apanhou várias paçocas, esmagando-as com as mãos descuidadas. O pai perguntou, de boca cheia:
“O Brasil fica na Antártica?”
Pouco depois, outro americano surgiu com a mesma pergunta.
E depois mais um.
O que a Antártica, cara pálida, tem a ver com a gente? Diz! O sujeito deve ter lido meus pensamentos, pois imediatamente apontou a garrafa do guaraná. “Guaraná Antártica”, como dizia o rótulo.
Logo chegou um amigo da nossa filha. Ele sabia localizar o Brasil no mapa e estava bem informado sobre a Floresta Amazônica. Júlia não ficou impressionada com a cultura do garoto. Assim que ele saiu, ela contou:
“Sabe o que ele me perguntou um dia? Se no Brasil a gente tem carros, se no Brasil as pessoas se vestem com folhas e se minha casa era feita com tronco de árvore.”
Os americanos, definitivamente, não são fãs do nosso futebol. O negócio deles é basquete.
Saldo final: Arremessaram todas as bolinhas de brigadeiro goela abaixo.

domingo, 13 de maio de 2007

Patrol



Quando sua filha não consegue dormir de emoção porque no dia seguinte ela poderá entrar na Patrol, a patrulha infantil que ajuda a manter a ordem no ônibus escolar, você pensa que talvez tenha chegado a hora de voltar. Quando você percebe que os olhos de sua cria ficam marejados cantando o hino americano na escola, ah, meus caros, é porque passou da hora de voltar.
Aqui as crianças têm que estudar ortografia com a lição de casa todos os dias. Mas elas adoram pôr a culpa em mim quando erram a grafia de alguma palavra na hora do ditado. Dizem que, com o meu sotaque, não conseguem entender nada!
Quer dizer, suas próprias filhas, que até então você ajudava com aquela superioridade dos adultos, ensinando tudo sobre a vida, começam a corrigir sua pronúncia de inglês na frente de todo mundo? É o fim!
Uma amiga contou que o filho outro dia puxou-a para um canto e pediu: “Mãe, vem cá. Não precisa falar inglês com meus amigos, tá?”
Tá o caramba! É impressionante como os pequenos são infinitamente mais capazes de aprender a melodia de uma nova língua e falar feito nativos do que nós, macacos velhos. Não conheço pais que falem inglês melhor que o filho. Os pais sempre ficam em desvantagem, enquanto os danados, completamente à vontade, aproveitam para desafiar a gente o tempo todo.
Acho que está na hora de voltar.