sábado, 31 de janeiro de 2009

Desejos Coloridos


Tem gente do mundo inteiro nesta cidade. Por isso as escolas promovem uma vez por ano uma Feira Internacional, para cada um mostrar o que seu país tem de bom.
Participamos da feira no nosso primeiro ano aqui. Jurei que nunca mais voltaria. Pudera, o povo arremessou todas as bolinhas de brigadeiro goela abaixo e acabaram com o guaraná num zaz. Depois, de boca ainda cheia, saíram dizendo que o Brasil ficava na Antártida, por conta do “Guaraná Antártica” escrito no rótulo da garrafa. Ah, meus caros! Disse um basta e jurei que nunca, mas nunquinha, participaria novamente deste tipo de palhaçada!
Dois anos depois, lá estávamos ontem de novo, representando o Brasil com Z. Levei guaraná e um monte de fitas do bonfim.
Passei a noite amarrando sonhos nos pulsos de crianças das mais variadas etnias e idades. Olhos grudados em mim, cheios de segredo e silêncio, concentrados em cada nó atado na fita. Um menino demorou para decidir dentre os milhares de desejos que pipocavam em sua cabeça. Alguns chegavam desconfiados da facilidade do negócio:
- Posso pedir o que eu quiser? Qualquer coisa?- perguntou uma menina do tamanho das minhas pernas.
A cada nó, a pequena espremia os olhos, como se a força colocada ali pudesse fazer os desejos se realizarem mais rapidamente.
Logo todas as fitas acabaram. As crianças foram embora carregando sonhos coloridos no pulso.
Meus 3 desejos naquele momento? Saber o que elas pediram, nunca mais pagar o mico de ir a Feira Internacional. O terceiro? Este eu não conto!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Leis. Pra Quem?

Li na revista The Economist uma matéria que chamou minha atenção.
Numa escola na Flórida, uma menina de 5 anos começou a jogar no chão livros e canetas dos colegas. Foi parar na diretoria, onde continuou a arremessar o que via pela frente. Ninguém segurou e conteve a menina fisicamente por paúra de processo.
Preferiram chamar a policia que levou a pequena algemada.
Uma professora em outra escola, por exemplo, foi processada e teve que desembolsar $20m. A escola fez um acordo, e a professora pagou módicos 90, 000. Qual seu crime? Para conseguir dar aula ela tirou da sala um menino que estava atrapalhando a classe toda. Para isso, colocou suas mãos nas costas do aluno.
Em N.Y., onde a burocracia para suspender um aluno é absurda, os professores estão tão amedrontados em violar os direitos dos estudantes que não conseguem manter a ordem na classe para dar aula.
Até as brincadeiras mais comuns da infância são cercadas de inúmeras leis. Por exemplo, para evitar o menor risco de que as crianças se machuquem no recreio, várias escolas preferem proibir que os alunos corram no parque, ou escalem o trepa-trepa. Preferem deixar as crianças dentro da escola engordando.
Vocês acham que estas leis estão realmente trabalhando a favor das crianças?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Flashes da Posse de Obama

Esta mulher estava lá com sua neta.
Carregava o cartaz que ela mesma fez.
Chorou quando Obama foi anunciado como o
novo presidente dos Estados Unidos.
Os irmãos Charles e Peter Scarborough. Peter, o da direita,
7 anos, disse que se pudesse entrar na Casa Branca faria
pizza de pepperoni para o Obama e suas filhas.

Equilibrista de bandeirinhas


Este casal levou caixas de papelão para se proteger do frio.



Este menino de 5 anos contou que não sabia bem porque estava ali. Seu pai o levou. "Aí eu vim, né?



Este é Joshua Thomas, 7 anos mas conta pra todo mundo que tem 8. Levou uma cadeira, um cobertor do Bob Esponja e nem se incomodou com o frio.





Este menino, Maeney, 11 anos, de Los Angeles, atravessou o país para participar da festa. Acredite se quiser- adora John McCain mas compareceu a posse de Obama como parte de um passeio da escola.



Imagens da Posse




















































sábado, 17 de janeiro de 2009

Aquecimento

















Hoje compramos os últimos acessórios para enfrentar o frio no dia da posse do Obama.
- O que você está levando- perguntou uma mulher na minha frente.
- Este é pra esquentar o rosto e nariz, tipo máscara de ladrão, e estes pacotinhos que encontrei.
- O que são?
- Hand warmers e toe warmers, calentadores para la punta del pie, está escrito.
- Esquisito. Só esquenta a ponta do pé, e o resto?
- Olhe- respondi- nem sei como funciona. Mas vou experimentar.
- Vocês vão para a posse?- quis saber um homem negro alto e sorridente.
- Sim. Vou com minha irmã. Ela sabe tudo de posse. Não perde uma.
- Vou porque é o Obama- interviu outra mulher- Vou dormir na casa de uma amiga em DC, assim não corro o risco de não conseguir chegar até lá.
- Vou dormir no meu trabalho. A gente vai levar sacos de dormir.
- Eu vou daqui, de metrô- contou o homem.
- Eu também. Vou sair às 6 da manhã- contei toda orgulhosa do meu planejamento e antecipação para que tudo dê certo.
- 6 horas??
- Muito cedo?
- Cedo? A gente vai às 4 da manhã!- contou o homem- assim que o metrô abrir a gente já estará lá.
- Será que devo entrar na onda deste povo e congelar a partir das 4 da manhã ou este povo americano é muito exagerado mesmo?
- Vocês vão levar crianças?- perguntou uma das mulheres.
- Bem, eles já não são crianças, têm 13 e 14 anos. Vamos todos.- disse o homem.
- Dizem que é melhor não levar os pequenos- aconselhou a mulher- vai estar muito frio e será difícil sair do meio da multidão se eles quiserem ir embora.
- Não vai funcionar celular...
- Nem pode levar comida.
- Não?- desesperou-se um homem que ouvia tudo calado.
- Acho que só não pode quem vai assistir ao desfile, mas para o discurso tudo bem.
- Gostei destes seus pacotinhos para esquentar mão e pé.
- Quem quer, são os últimos!- anunciou um dos vendedores.
Em segundos sumiram todos os calentadores. Pela expectativa, é bom que o Obama aqueça a multidão. Como disse Malia, a filha do Obama:
"Primeiro presidente negro....melhor caprichar."

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Barquinho Vai...



Rio de Janeiro. 8 horas da noite. Última chance para ver “a maior árvore de natal do mundo” brilhando em seu show de luzes bem no meio da Lagoa Rodrigo de Freitas.
- Quantos pessoas?
- Quatro.
- Trinta reais.
- Que homem esquisito...
- Ele tomou umas...
- Umas? O cara está completamente briaco.
Na entrada do pequeno barco, o “comandante” pediu os tíquetes.
- Acabei de pagar para aquele homem neste segundo.
- Ei- gritou o comandante para o briaco- você não deu os tíquetes para eles.
- Ah- respondeu o bebum- não lembro deles não...nunca vi na vida....
- O quê? Paguei pra você agora mesmo!
- Eu vi eles pagando- saiu em defesa uma mulher que acabara de entrar no barco.
Assim que a embracação estava completa- apenas seis passageiros- o comandante falou:
- As crianças têm que usar coletes salva-vidas.
- Uai, eu também quero- gritou a mulher- só vim hoje porque é o último dia. Tenho muito medo de morrer afogada. Lembra do acidente daquele barco no ano novo? Aquele tal de Bateau alguma coisa...Cruz credo. Morreu tanta gente.
O barco começou a andar enquanto a mulher- vestindo o colete amarelo e agarrada ao banco- continuava a lembrar da tragédia passada perdendo a atração do passeio.
- Olha, quantos peixes.- descobriu a menina.
Nisto, um pequeno ser prateado pulou da lagoa para dentro do barco bem no meu pé. O pobre se debatia tanto que a mulher deixou de falar de catástrofes, teve coragem de soltar as mãos que estavam agarradas ao banco e focou no peixe:
- Dá ele aqui, dá aqui, vou levar pro meu filho.
- O quê, um peixe morto fedendo? Deixe o pobre voltar pra água.- argumentou o homem que estava com ela.
- Não, não, não. Vou levar pra casa. - disse a mulher arrancando o peixe da mão do moço que estava prestes a jogar o bicho novamente na água.
- Ecth, que cheiro ruim ficou na minha mão- gritou a mulher, desistindo do peixe que enfim voltou para a água.
- Olhe que linda as luzes mudam toda hora.- observou uma das crianças.
- O que aquele pedalinho está fazendo tão perto da árvore? Tem uma placa dizendo que é proibido entrar ali.
- Ayuda, ayuda!
- Ouviram estes gritos?
- Vem do pedalinho.
- Vamos lá- disse o comandante virando a direção do nosso barco.
Um menino e sua mãe choravam dentro do pedalinho.
- Estamos perdidos a tiempo. No consigo llegar de ningún modo.
- E é noche. Oscuro.- completou o menino.
- Vou prender o pedalinho de vocês em nossa embarcação, assim vocês serão puxados pelo nosso barco até terra firme.
- ¡Gracias!
Minutos depois a “maior árvore de natal do mundo” também foi retirada da lagoa Rodrigo de Freitas.