segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Barquinho Vai...



Rio de Janeiro. 8 horas da noite. Última chance para ver “a maior árvore de natal do mundo” brilhando em seu show de luzes bem no meio da Lagoa Rodrigo de Freitas.
- Quantos pessoas?
- Quatro.
- Trinta reais.
- Que homem esquisito...
- Ele tomou umas...
- Umas? O cara está completamente briaco.
Na entrada do pequeno barco, o “comandante” pediu os tíquetes.
- Acabei de pagar para aquele homem neste segundo.
- Ei- gritou o comandante para o briaco- você não deu os tíquetes para eles.
- Ah- respondeu o bebum- não lembro deles não...nunca vi na vida....
- O quê? Paguei pra você agora mesmo!
- Eu vi eles pagando- saiu em defesa uma mulher que acabara de entrar no barco.
Assim que a embracação estava completa- apenas seis passageiros- o comandante falou:
- As crianças têm que usar coletes salva-vidas.
- Uai, eu também quero- gritou a mulher- só vim hoje porque é o último dia. Tenho muito medo de morrer afogada. Lembra do acidente daquele barco no ano novo? Aquele tal de Bateau alguma coisa...Cruz credo. Morreu tanta gente.
O barco começou a andar enquanto a mulher- vestindo o colete amarelo e agarrada ao banco- continuava a lembrar da tragédia passada perdendo a atração do passeio.
- Olha, quantos peixes.- descobriu a menina.
Nisto, um pequeno ser prateado pulou da lagoa para dentro do barco bem no meu pé. O pobre se debatia tanto que a mulher deixou de falar de catástrofes, teve coragem de soltar as mãos que estavam agarradas ao banco e focou no peixe:
- Dá ele aqui, dá aqui, vou levar pro meu filho.
- O quê, um peixe morto fedendo? Deixe o pobre voltar pra água.- argumentou o homem que estava com ela.
- Não, não, não. Vou levar pra casa. - disse a mulher arrancando o peixe da mão do moço que estava prestes a jogar o bicho novamente na água.
- Ecth, que cheiro ruim ficou na minha mão- gritou a mulher, desistindo do peixe que enfim voltou para a água.
- Olhe que linda as luzes mudam toda hora.- observou uma das crianças.
- O que aquele pedalinho está fazendo tão perto da árvore? Tem uma placa dizendo que é proibido entrar ali.
- Ayuda, ayuda!
- Ouviram estes gritos?
- Vem do pedalinho.
- Vamos lá- disse o comandante virando a direção do nosso barco.
Um menino e sua mãe choravam dentro do pedalinho.
- Estamos perdidos a tiempo. No consigo llegar de ningún modo.
- E é noche. Oscuro.- completou o menino.
- Vou prender o pedalinho de vocês em nossa embarcação, assim vocês serão puxados pelo nosso barco até terra firme.
- ¡Gracias!
Minutos depois a “maior árvore de natal do mundo” também foi retirada da lagoa Rodrigo de Freitas.

8 comentários:

Anônimo disse...

adriana, vc está no rio?
adorei o passeio de barco...
bj
Fernanda

Anônimo disse...

Gracias por mais uma história.
Adoro seu blog
FH

Anônimo disse...

Adri:
Saudades, saudades de vc, Porcaria!
Suas histórias são deliciosas!Vc está em terra brasilis?
Que seu ano novo seja repleto de "dias de luz e festas dos sol".
Bjos saudosos,
Helô

Samir Abujamra disse...

Eu estava lá!
Dizem as más línguas que a colombiana que pilotava o pedalinho tava tentando entregar um carregamento e marcou com o contato no meio da Lagoa, mas ele deu o cano...

Adriana Abujamra disse...

Fernanda, já estou de volta em terras Americanas...num frio cortante.

Helô Porcaria!!!!!!Voltei pra casa no domingo. Agora me preparo para assistir a posse de Obama. Mande notícias.
saudades

Samir querido, bem lembrado. A Colombiana chorava provavelmente imaginando a surra que levaria do maridão Colombiano por ter falhado na entrega do carregamento.
Adoramos ser guiadas por vc no Rio.
grande bj
dri

Anônimo disse...

adriana, depois de tanto tempo na américa vc anda perdida pelo brasil agora?

Anônimo disse...

Mentira que vc tava no RJ? Passei o ano novo lá com meu pai!! Aliás, feliz ano novo! Um beijo

Adriana Abujamra disse...

Tati, um ano novo supimpa pra vcs!!
Sim, fomos ao Rio tmb. Agora já voltamos ao frio da América.
grande bj
adriana