terça-feira, 21 de julho de 2009

Crise Econômica









Na floricultura, o dono apareceu oferendo dicas de plantas.
- Muita linda.
- Também acho- disse enfim- vou levar estas.
- Não, você. Casada?
- Sim. Quanto foi.
- Nada, pra você é de graça.
- Só levo se pagar.
Paguei, e um funcionário da loja me ajudou a levar as outras plantas e adubo para o carro- coisa rara nesta terra do faça você mesmo. Chegando em casa, vi que o dono da loja tinha colocado um vaso de flores extras com seu nome e telefone num cartão. Que ousado!
Nunca pensei em ligar pro sujeito, mas aproveitei pra ameaçar o bonitinho que mora comigo. Sempre que ele fazia algo que me desagradasse, eu lembrava:
- Olha que se você não me ajudar aqui em casa eu fujo com o turco da floricultura. Alto, forte, de olhos verdes- (exagero, mas finge que o cara era assim, tá. ) .
Pois não é que outro dia passamos de carro na frente do lugar e estava fechado. Sim! O turco safado deve ter falido, não resistiu a crise econômica, fechou as portas e me deixou na mão.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Triste

Catherine, a Catou, é francesa, casada com Otaviano, um brasileiro. Chegaram aqui antes da gente, há uns 5 anos. Conheci os dois na casa de uma brasileira. Era fevereiro de 2007, carnaval. Verão no Brasil e neve na terra do tio Sam. Chaterine disse pro meu companheiro preparar uma caipirinha pra mim:
"Afinal, depois da gente largar tudo e vir morar neste país, é o mínimo que vocês podem fazer. " brincou ela.
Ela me apresentou um de seus filhos, Pedro, que estava lá.

"Esses nossos filhos tem que ser feitos de concreto armado... "- escreveu Catou numa das primeiras postagens deste blog, Primeiro Dia de Aula. "As vezes"- continuou ela-" bate um sentimento de culpa bastante grande quando penso o quanto dificil eh o que impomos para eles. Ai, rapidinho, usamos o racional para voltar a acreditar que "eh bom para eles"... Argh! Espero que um dia eles nos perdoem?"


O menino Pedro sofreu ontem um acidente de carro. Hoje morreu.

Filho não foi feito pra morrer, no máximo, como disse Guimarães Rosa, ficar encantado.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Guerra do Iraque





O marido de Faith, uma de nossas vizinhas, é advogado e está na guerra do Iraque. Sua função? Dizer aos chefões quais são as ações legais e ilegais do exército americano contra os inimigos.
- Se bem que nem sempre eles escutam o que os advogados dizem.
- Ele volta quando?
- Em janeiro.
- Seis meses! Mas existe skype, né? Uma mão na roda. Assim você e as crianças podem vê-lo.
- Nope! É vetado.
- Mas ao menos tem telefone, ajuda né...
- Nope! Até lá, apenas e-mail. Telefonema poucos e só com hora marcada.
- Uau. Bem, você manda foto das meninas por e-mail...
- A gente tem um limite de fotos pra mandar.
- Você é uma heroina!
- Não. Tem mulher que vive esta situação há mais tempo.
- Hum..
- Ele é meu segundo marido. A gente se conhecia desde a faculdade, rolava um clima. Mas eu já tinha alguém. Assim que me separei a gente começou a se corresponder via e-mail. Fazia 17 anos que eu não o via. Seis meses passam ligeiro.

Ainda bem que Obama começou a retirar as tropas do Iraque. Uma guerra sem o menor sentido...