quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pausa da Perdida

Até agora não encontrei nenhum GPS que resolva o fato de eu estar perdida na America. Assim sendo, volto a blogar depois do dia 11, quando estarei de volta das nossas férias no Brasil. Até lá!
Adriana

sábado, 19 de julho de 2008

Recalculando



-- Pai, falta muito?
-- Estamos na reta final. Daqui a vinte minutos estaremos em Big Sur.
-- Como você sabe?
-- A Dorothy me avisou.
-- Vou sentir falta da Dorothy quando a gente devolver o carro.
-- Eu adoro quando ela avisa que está “recalculando”.
Dorothy foi o apelido que as meninas deram ao sistema de navegação do carro, o GPS. Três carros da polícia faziam uma barreira na estrada impedindo que seguíssemos adiante:
-- Big Sur foi evacuada por causa dos incêndios. Ninguém entra.
-- Qual estrada está disponível?
-- A 101. Vocês têm que voltar para trás.
-- Quanto tempo para chegar até lá?
-- Umas três horas.
-- Ah, não!
-- No mínimo, meus caros.
Demos meia-volta com o carro e Dorothy desembestou:
-- Recalculando! Recalculando! Recalculando!
Paramos o carro. Dorothy ficou quieta. A barreira policial ficava a poucos metros de um restaurante. As mesas estavam todas ocupadas. A dona do recinto era a única feliz por ali. Acho que a mulher vive jogando fogo na mata só pro policial fazer barreira e todo mundo ir comer na espelunca dela. Brincadeira, o lugar era uma graça com vista privilegiada para o Pacífico.
-- É muito chato, ter que viajar tudo de novo.
-- Meninas. Para jogar a raiva para fora, vocês estão liberadas para falar o palavrão que quiserem, em português, por trinta segundos.
Os primeiros dez segundos elas perderam assimilando a mensagem. Os outros dez segundos, tentando relembrar os palavrões na língua materna. Por fim aliviaram a alma nos dez segundos finais.
Logo entrou um grupo de amigos no restaurante. Um deles vestia uma camiseta com uma frase nas costas: “Today is my lucky day!” O sortudo sentou numa mesa ao nosso lado, apoiou a cabeça na mão e bufou desanimado com a barreira policial e os incêndios.
De volta ao carro, acordamos Dorothy. Vários carros passavam na direção contrária, rumo a Big Sur, os motoristas felizes sem saber da barreira policial lá na frente. As meninas primeiro pensaram em avisar as pessoas. Mas logo mudaram de idéia completamente e, recalculando, passaram a gritar para todos os carros que passavam pela gente:
-- Today is your lucky day! Go straigth right away! ( Hoje é seu dia de sorte! Vai reto toda vida!)

sábado, 12 de julho de 2008

Golden Gate

A Golden Gate é uma ponte suspensa sobre a Baía de San Francisco, na beira do Oceano Pacífico. Lá estávamos, eu e as meninas, pacificamente catando conchas e pedrinhas na areia com o cartão postal ao fundo.
Um moleque de uns quatro anos lançava pedrinhas na água. Assim que passamos por ele, começou a nos chamar e dizer coisas em russo. Quer dizer, eu acho que era russo. O menino pegou mais pedras, distribuiu uma para cada uma de nós e convidou:
-- Barishinkhovich- disse o menino, mostrando o que fazer.
Brincamos com ele acompanhando o vôo das pedrinhas e logo voltamos às conchas. O moleque continuava nos seguindo. Demos uma concha para ele, que imediatamente atirou-a no mar:
-- Keep it -- disse a ele, oferecendo uma concha imensa que peguei na areia.
-- Khípit -- o menino repetiu, atirando-a bem longe.
Ofereci outra e antes mostrei a ele o que fazer guardando a concha entre as mãos:
-- Keep it.
Enfim apareceu a avó do moleque. Ele correu apontando a concha que carregava na mão:
-- Khípit! Rsbreayeberekovich!
Depois que deixamos os russos para trás, apareceram uma noiva com o noivo, seguidos por um fotógrafo que registrava o momento romântico com a ponte ao fundo.
O casal e o fotógrafo eram coreanos. A moça segurava a barra do vestido e estampava um sorriso fixo. Já o noivo ria sem parar segurando a mão da mulher para que ela se mantivesse impecável sobre os sapatos de salto alto que sumiam na areia.
- Yasukoriso.- pedia o fotógrafo fazendo sinal para que o casal se colocasse mais para a direita.
Voltamos a catar conchas. Estávamos ali naquele cenário bucólico quando de repente levantamos a cabeça e demos de cara com um sujeito de pé olhando a baía com a ponte ao fundo e o pinto de fora.
Ao seu lado, sentado, um outro homem nu fazia castelo de areia.
Logo tinha mais homens pelados no lugar do que conchas na Baía.