domingo, 15 de março de 2009

Com vocês, minha xará!

Hoje convidei uma amiga para falar aqui no blog, Adriana Maximiliano. Além de companheira de América, a Dri é jornalista, tem dois filhos que nasceram por aqui e coleciona boas histórias pra contar. Aproveitem.
Com vocês, minha xará!
bjs
Adriana

'O melhor amigo da minha filha Babi, de 3 anos, é búlgaro. A primeira babá dela só falava uma língua, polonês. Ela participou de uma colônia de férias em francês no ano passado. A partir de setembro, vai estudar numa escola inglês-chinês. Os aniversários da Babi costumam ter representantes de mais de dez países. E, se você oferecer um pirulito, é grande a chance de ela, sorrindo, dizer: "Muchas gracias!". Antes que alguém quebre a cabeça tentando imaginar onde moramos, eu conto: em Washington. Com tantas embaixadas, organizações internacionais e jornalistas do mundo todo, os parquinhos de Washington são como torres de Babel. É difícil encontrar uma criança que fale apenas um idioma. É claro que tem um preço. Só agora, aos 3 anos e meio, minha filha está soltando a(s) língua(s). Em casa, ela fala português. Com os outros, inglês e espanhol. E, segundo a mãe do Philip, Babi arrisca palavras em búlgaro quando brinca na casa deles. Quem já passou por isso conta que a vida não vai ser tão fácil quanto parece agora. Temos um casal de amigos cariocas que avisou: "Não relaxe nunca. Imponha o português em casa". O filho deles, de 10 anos, visita os avós no Brasil todo ano, mas só fala inglês. Outro casal de brasileiros, cujo filho da mesma idade fala as duas línguas, contou que se fazia de surdo e até deixava o menino chorar de sede se ele pedia "water". Um terceiro acha engraçado o sotaque do português do filho, que aumenta ano após ano. Eu faço questão de que minha filha – e, logo, logo, meu filho, de 6 meses - aprenda e goste do português. Sou jornalista e basta saber que ela vai demorar a ler em português, já que vai ser alfabetizada em inglês. E chinês. Minha casa é cheia de Turma da Mônica, Monteiro Lobato e Ziraldo e passamos cerca de um mês no Brasil todo ano. Mas acredito que o mais importante é ensinar a amar nosso país. Dia desses, eu e meu marido fomos convidados a falar sobre o Brasil na classe dela. Claro que, diante de 18 crianças de 3 anos, escolhi apenas temas gostosos: praia, futebol, Amazônia, carnaval e brigadeiro. (Se daqui a duas décadas, os 18 chegarem ao Brasil de mala e cuia, a culpa é minha.) Todos adoraram saber que existe Ipanema, amaram os palhaços do bloco Gigantes da Lira, dançaram com chapéus do Olodum e bandeirinhas que eu ganhei na embaixada, levaram para casa cartões postais de tucanos e se lambuzaram com meus brigadeiros. Mas nenhum deles estava mais feliz do que a Babi. Ela foi a primeira a dizer que o mapa do Brasil tinha forma de coração e, no meio da apresentação, enquanto eu botava Jorge Benjor para cantar "País Tropical" e meu marido, de terno e gravata, fazia embaixadinhas, ela mandou: "I love you, papai. I love you, mamãe!". Assim mesmo, misturando tudo. Não me fiz de surda e respondi: "Também te amo, Babi". No dia seguinte, quando fui acordá-la para ir a escola, ela disse, em português: "Não quero ir para a escola hoje, mamãe. Eu quero ir para o Brasil!". Isso, sim, não tem preço.'

9 comentários:

Anônimo disse...

Tenho uma sobrinha que é criada na Inglaterra. Ficou 3 anos sem vir ao Brasil, veio em dezembro e não queria voltar. Mas foi. E não vê a hora de voltar. Ela nunca morou aqui, mas tem o Brasil no coração... E a familia no Brasil!

Anônimo disse...

eu também tenho amigas brasileiras morando fora. é muito estranho ouvir as crianças falarem português com sotaque de gringo.
bj
Marina

Anônimo disse...

estas Adrianas são d+.

Unknown disse...

Deve ser estranho ter filhos que mal falam nossa língua. Acho bacana passar a cultura de nosso país para os pequenos. É uma herança, né!
bj
Laura

Anônimo disse...

Concordo com a Babi! Adrianas, voltem logo para o Brasil!
bjs
Helô

Anônimo disse...

A filha de uma amiga que mora em NY ficou tão confusa entre qual língua falar, que ao invés de inglês ou português, a menina inventou da cabeça dela um terceiro idioma.
bj
Renata

Anônimo disse...

Leva a Babi pro Brasil, ela pediu!

Tullius Detritus disse...

É mal de Adrianas perder-se na América?

Anônimo disse...

Babi já foi, voltou e daqui a pouco vai de novo. Viajar é chato pacas, mas sempre vale a pena.

beijos para todos e até o próximo encontro, Dri!

Adrimax