- Dri, recebi uma proposta do jornal. O que voce acha da gente ir morar nos US? - perguntou o moço que mora comigo, como quem pergunta se eu trocaria um sorvete de chocolate por um de limão.
- Não vou nem morta!!
Poucos meses depois estávamos fazendo as malas.
O tempo entre o convite de ir e a decisão final foi curto, e muito teve que ser ponderado.
Um dos calcanhares de aquiles da mudança foi quanto a vida profissional:
- Que maravilha. Eu daria tudo pra ter um carimbão no meu passaporte me proibindo de trabalhar.- disse um amigo na época.
Realmente, nada como um período sabático. Ter tempo para escrever e fazer cursos de especialização. Afinal, pega bem você voltar para o Brasil com uns “Universityquaiquaismaryland” no curriculo. Claro que antes a gente tem que aprender a falar os quaisquaisquais em inglês.
Outro fantasma era encarar o estilo americano do faça você mesmo: limpe, cozinhe, ponha gasolina no carro, corte a grama, ou seja, camele minha filha!
- Minha amiga não aguentou mais que seis meses lá- contou uma conhecida- largou o marido e voltou.
As crianças reagiram de maneira diferente à idéia de morar fora. A caçula vestiu cachecol, gorro e luvas em pleno verão e saiu cantando:
- Neve, vamos morar na neve!!
Parou assim que olhou para seus pés nas havainas:
-Ei, mas ainda não tenho botas.
A mais velha, no começo, não achou muita graça em se separar das amigas e da família.
Agora diz que não volta para o Brasil.
Final de julhoa gente completa 2 anos do lado de cá do Equador, onde jurei que não iria:
- Nem morta!
Êta mulher de palavra.