quinta-feira, 17 de abril de 2008

Terras



No livro Grandfather's Journey- (A Jornada de meu Avô), o narrador conta história de seu avô que sai do Japão para viver na América. No início o avô se encanta pelo país, mas depois de um tempo, começa a sentir falta de sua terra natal. Volta para o Japão, mas se sente confuso: "O engraçado - diz o avô-é que no momento em que estou em um país, sinto-me homesick pelo outro." Decide voltar para os Estados Unidos.


Catherine veio da Inglaterra e soube aproveitar a vida na América. A bem da verdade, soube lamentar um bocado também “... today I'm homesick!”. - dizia constantemente com os olhos atravessando o mar. Chegou a hora dos olhos levarem o corpo e a família toda de volta. Logo recebi um e-mail “ A gente só tem vento e chuva aqui. Vento e mais chuva. E eu tinha esquecido...isto é a Inglaterra!


“Ah se eu tivesse aproveitado minha vida de dona de casa suburbana!” Aconselhou uma amiga brasileira arrependida de desperdiçar o tempo que morou aqui a se queixar dos americanos, do marido, do frio...De volta ao Brasil, ao mesmo trabalho, a realidade chispou com a saudade.

A menina Cath aprendeu a falar nos Estados Unidos, e agora, aos 9 anos, tem que começar de novo em Taiwan: “As letras são diferentes, as brincadeiras, a escola também. Que saudade daí. Que saudade de vocês. Saudade de tudo”.- escreveu.

Há anos li um texto sobre a experiência de uma antropóloga: Depois de se entranhar em outras culturas, a sensação é de não pertencer nem a cultura dos outros e nem a sua.

Alguns amigos brasileiros fizeram bebês por aqui. Assim, sem se darem conta do solo em que pisavam, cresceu raíz.

No novo livro de Milton Hatoum, a epígrafe é tirada do poema A cidade, escrito pelo grego Konstantinos Kaváfis:

Não encontrarás novas terras, nem outros mares.
A cidade irá contigo.

A cidade primeira. Mas atrás delas virão as outras reivindicando seu pedaço de terra dentro da gente.

8 comentários:

Anônimo disse...

ninguém volta ileso de uma experiência como essa. isto é que é bom.
abraço
marcos

Anônimo disse...

Recentemente visitei os Estados Unidos, a cidade em que morei na adolescência e reencontrei a família que me acolheu no meu intercâmbio. A cidade nunca saiu da minha memória.
beijos
Ana

Anônimo disse...

mas vcs voltam, né?
amiga saudosa

Anônimo disse...

Adriana,
lembrei daquela música:
"Terra.
Por mais distante
Um errante navegante
Quem jamais
Te esqueceria"
até +
Paulo

renata disse...

Adriana,
Costumo ir para aí uma vez por ano, mas ainda não consigo me ver morando longe do Brasil...quem sabe daqui um tempo. Por isso gosto de ler suas crônicas.
bjs
Renata

marina disse...

Olá Adriana,
Fazia tempo que não passava por aqui, tanta correria. Adorei ler as novas crônicas no seu blog.
bjs
Marina

Anônimo disse...

Voltem logo pro Brasil!!!!!!

Anônimo disse...

renata,
mudar é bom, obriga a gente a sair do ponto-morto automático e despertar pra vida.
bjs
adriana