“Fio Maravilha! Nós gostamos de você! Ti-ri-ti-ti-ti-ti-ri-ti! Fio Maravilha! Faz mais um pra gente ver!"
O carro balançava com a nossa cantoria:
"Sacudindo a torcida aos 33 minutos do segundo tempo."
O carro balançava com a nossa cantoria:
"Sacudindo a torcida aos 33 minutos do segundo tempo."
Era noite de Natal. Estávamos a caminho da casa de uns amigos brasileiros. O Fio Maravilha inusitado no rádio e um frio brutal nas ruas de Maryland. As árvores peladas exibiam galhos mirrados enfeitados com luzinhas.
Pouco antes de sair de casa, falamos pelo Skype com a família, que estava reunida na casa da minha avó. No telefone, a Bisa me chamou de “a minha neta preferida”. Era uma maneira de me agradar, já que ela não tem mais idéia de quem eu sou. "Minha neta preferida" é como a Vó Linda chama qualquer uma que a chame de Vó.
Antes mesmo da nossa ceia começar, a ceia no Brasil já estava acabando, por conta da diferença de fuso horário. Soube que no meio da comilança, com tantos filhos, netos e bisnetos, a Vó Linda perguntou: “Esta gente toda, que horas vai embora?” Soube também que uma irmã da Vó Linda tirou a dentadura e jogou pela janela. Depois riu. Riu muito.
Aqui, longe da família e do país, o rádio continuava: “Fio Maravilha! Faz mais um pra gente ver!”
Lembrei da minha Bisavó Nazira, tataravó das minhas filhas. Já bem velhinha, a Bisa Nazira chegava na nossa casa com sua bolsa pretinha na mão. Sentava no sofá. Pouco depois, levantava e dizia: “Vou dar uma volta.” Com seus passos miúdos, sumia pelos quartos de nossa casa e voltava com a bolsa cheia de coisinhas que havia achado pelo caminho: fivelas de cabelo, pequenos brinquedos, perfumes. Voltava de seu "passeio", nos chamava e distribuía nossos pertences dizendo que eram presentes que havia comprado pra gente.
Estas lembranças antigas, com as notícias novas da família e a companhia dos amigos brasileiros esquentaram nossa fria noite do primeiro Natal passado por aqui.
"Que a galera agradecida assim cantava:
Fio Maravilha! Nós gostamos de você!
Fio Maravilha! Faz mais um pra gente ver!"
Estas lembranças antigas, com as notícias novas da família e a companhia dos amigos brasileiros esquentaram nossa fria noite do primeiro Natal passado por aqui.
"Que a galera agradecida assim cantava:
Fio Maravilha! Nós gostamos de você!
Fio Maravilha! Faz mais um pra gente ver!"