domingo, 26 de agosto de 2007

O país das Cidas


"Cida, quero leite."
Cida, como tantas outras, trabalha diariamente na casa de uma família brasileira. Cozinha, limpa, passa, cuida das crianças e leva a culpa quando algo na casa some:
"Cida, onde você colocou minha mochila?"
Até a pequena de três anos já sabe disto. Depois de bagunçar a sala com seus brinquedos, colocou a mão na cintura:
"Oia a bagunça que a Cida deixou!"
Um amigo contou que num final de semana a família se preparava para sair e o filho de 11 anos ainda estava descalço. Quando foi questionado, o menino rebateu :
"Mas ninguém me deu os sapatos, pô."
O garotão já beija as meninas na boca e vai ao cinema sozinho, mas se a "Cida" da sua casa está de folga, o tigrão mia... Pode?
Outra amiga contou que contratou uma motorista para trazer a filha e outras crianças da escola para casa. As crianças esticavam o pé de um jeito que quase acertavam a cabeça da mulher, que preferiu largar o emprego. Minha amiga teve que se virar e buscar as meninas na escola até acharem uma substituta:
"Agora sou a nova motorista", brincou.
"Você não precisa ser empregada, a gente tem dinheiro", a filha respondeu, acabando com a brincadeira.
Por aqui as "Cidas" ganham em média 100 dólares para trabalhar por quatro horas. Têm carro e casa própria e passeiam nos finais de semana. As famílias têm que dar conta de viver sem elas.
Para nós que estamos acostumados com a mordomia, é difíicil se adaptar no começo.
E não são só as Cidas. No Brasil, tem o frentista do posto para encher o tanque do carro, o moleque que carrega as compras do supermercado. Aqui, meus caros, pode estar nevando que você tem que se virar sozinho.

10 comentários:

Unknown disse...

� minha prima n�o � mole n�o!!!!Noo frio viro um urso,n�o sei como eu me viraria com neve e tudo mais.bjs e nao deixe de escrever.

Anônimo disse...

nem me fale... eu que tenho a apelido de "baronesa" tendo que dar um duro danado. Isto e primeiro mundo.
bjs
dri

Anônimo disse...

Adriana
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. não é de se estranhar que dependemos ainda das "Cidas".
Eduardo

Anônimo disse...

Morei 3 anos na Inglaterra com filhos pequenos. Lembro como eles aprenderam a me ajudar. Quando voltamos ao Brasil todos elogiavam como eles eram especias, organizados. Mas bastou um mês com "Cida" em casa para tudo desandar.
Miriam

julia disse...

pra mim ir no posto de gasolina continua igual, não saio do carro. mas em casa tenho que fazer meu leite, pegaras coisas e pôr a mesa. Tb aprendi a fazer panqueca com a mãe da minha amiga inglesa. É uma delícia.
Júlia

Paula disse...

não consigo imaginar minha vida sem as Cidas, o frentista do posto e tudo mais. Prefiro viver no terceiro mundo.
paula

Anônimo disse...

acho que vou largar meu emprego em Sâo Paulo, guardar os diplomas e pós e me mandar ser Cida por aí.
um abraço
Fernanda

Olivia Malagola disse...

Já estava sentindo a sua falta... porque demorou tanto? Cidas só nas mentalidades dos terceiros mundos. enquanto houver pobreza e deseducação teremos "cidas" e flhos mal prepardos para a vida.
Olivia.

Adriana Abujamra disse...

Oi Olívia,
Você é um grande estímulo para eu continuar compartilhando experiências.
grande abraço
Adriana

Anônimo disse...

Estou de malas prontas.Afinal serei mais uma Cida nos EUA