quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Não era só um filme


- Hitler era uma criança com necessidades especiais? - o menino perguntou assim que o filme acabou. Sua irmã e as meninas riram.
- Hitler special needs! Adorei, Kamper.
- Sabia que tem um menino special needs na minha classe que briga com todo mundo?
- Morreram muitas crianças na guerra. Muito triste.
- Coitados. E se não fossem os judeus, a gente teria aula hoje, imagina que chato.
- No Brasil acho que não é feriado, minhas amigas lá têm aula no Yom Kippur.
- Eu também tenho um diário - comentou uma das meninas.
- Aposto que nem se compara com o da Anne Frank, doh - a irmã comentou cortando a onda da caçula.
- No Pessach a nossa vizinha Ariana e a irmã dela ganham um presente por dia.
- Durante sete dias, são sete presentes! Nisso os judeus são sortudos.
- Mas eles não ganham presente no Natal.
- A Katriane ganha. O pai dela é judeu e a mãe não.
- Nossa, ela ganha muito presente.
- Mas você viu quantas crianças judias morreram no campo de concentração?
- So sad, so sad.
- Mãe - a caçula chamou - juro que não vou mais reclamar da comida.
- Você viu? Eles não podiam nem comer.
- Mãe, o Rodney lutou na Segunda Guerra contra os alemães?
- Quem é Rodney?
- Nosso vizinho.
- Não, ele nem existia. Ou era ainda um bebê.
- Imagina se só o papai sobrevivesse, como no filme? E se a Juju ficasse doente e eu tivesse que cuidar dela e a mamãe morresse?
- Ai, so sad - repetiu o menino. - Tem mais pipoca?
- Eba! Também quero. Vamos brincar no parque?

10 comentários:

Anônimo disse...

muito engraçado este Kamper.
adorei.

Anônimo disse...

Adriana,
que delícia vc ter crianças tão quedidas por perto. O diálogo delas tem sensibilidade e humor.
abçs
Carlos

Anônimo disse...

li o livro quando eu tinha uns 12 anos, e lembro da história até hoje. não sabia do filme, vou pegar para os meus filhos assistirem.
bjs
Renata

Anônimo disse...

Adriana,
Gostei do título, difícil é dizer não fica triste, era só um filme.

Adriana Abujamra disse...

Carlos, pura verdade, o post saiu praticamente editado da boca das ccas.

Renata, depende a idade dos seus filhos...os caçulas só assistiram ao filme por conta dos mais velhos..

abraço
Adriana

Anônimo disse...

Lembro de ter lido este livro aos 14 anos.Foi muito marcante a experiência e saber que a história era verdadeira fez tudo ficar ainda mais forte.
Carolina

Anônimo disse...

Adriana, sou judia e adorei saber que nos Estados Unidos as escolas não funcionam nos feriados judaicos. Aqui no Brasil nunca teve disto...

Anônimo disse...

que maravilha estas crianças, concordo com o carlos, o diálogo delas é um primor.
Andréa.

Anônimo disse...

seu 1º livro infantil foi uma maravilha.QUANDO VIRÁ O 2º?.

bjs
WX

Anônimo disse...

WX,
ando com muita saudades de vcs. tentei falar com a tia rosa no aníversário dela, mas ninguém atendeu. tentarei de novo. vamos para o Brasil no final do ano, já preparou sua roupa de papai-noel?
beijo
dri