“Mister” Serafini, professor da quarta-série, sim, aqui há vários professores homens- pediu voluntários para ajudar as crianças na construção de suas marionetes. Já tinha fugido durante um ano inteiro do trabalho voluntário na escola, fui pega na marra e tive aquela experiência fatídica, lembra, tirando xerox. Definitivamente, prefiro gente à máquina. Mas, diante do apelo e passado o trauma, decidi voltar e ajudar.
Havia mais gente lá:
- Você é brasileira?- perguntou um dos pais voluntários.
- Sim.
- "Sardinha." É a única palavra que conheço em português.
O homem me contou que aprendeu a falar sardinha com um brasileiro que cortava a grama da sua casa. O sujeito foi pego pescando sem licença e enjaulado antes que pudesse ajudar o americano ampliar seu vocubulário em português.
Enquanto aguardávamos, li alguns textos das crianças que estavam expostos na parede da escola: “O momento mais importante da minha vida- dizia um deles- foi quando eu tinha dois anos e consegui pular dois centímetros. Você deve estar pensando, grande porcaria um menino pular dois centímetros! Mas ninguém acreditava que eu pudesse pular, e eu pulei. Hoje consigo saltar muito mais do que isso.”
Logo conheci o autor do texto, um menino de nove anos, que veio andando com dificuldade. Ao lado do texto, ele colou a foto de um campeão de corrida a curta distância com a legenda:
“Este é meu herói”.
Este menino não perde tempo se lamentando de seus limites físicos e sabe celebrar suas próprias conquistas.
Isto sim é um verdadeiro pulo-de-gato.
Há 14 anos