domingo, 18 de novembro de 2007

Um País de Muitas Caras



O vôo padrão de São Paulo para Washington aterriza por aqui às 6:30 da manhã. No último sábado, lá estava eu aguardando amigos que chegariam num vôo com duas horas de atraso. Li os jornais, perambulei pelo aeroporto, e depois de tomar o terceiro café expresso, sentei. Um moleque quase tropeçou no meu pé enquanto corria pelos corredores. Logo atrás vinha seu pai tentando alcançá-lo e manter intacto o buquê de flores que equilibrava na mão. Atrás dele a mãe do garoto trajando uma saia laranja. Ao seu lado, a avó com um casaco amarelo, a tia, o tio e a bisavó também com roupas coloridas, seguiam o moleque. O único da família que permanecia sentado era o avô, segurando um outro buquê de flores e olhando atento para o portão de desembarque. Ele se levantou quando o vôo vindo da África aterrizou. Assim que o primeiro passageiro surgiu, o avô estava a postos para recebê-lo com abraços e flores. Quanto ao outro buquê, foi entregue quase sem flores, mas com muita festa. A família foi se afastando com os carrinhos abarrotados de malas. Desta vez era o visitante que brincava de correr atrás do moleque. Logo o saguão ficou silencioso. As cadeiras ao meu redor foram pouco a pouco ocupadas por orientais. Cada qual, sozinho ou no máximo em duplas, aguardava seus familiares. Vestiam-se com cores sóbrias: branco, preto ou cinza. Enquanto eu tentava distinguir se eram chineses, japoneses ou coreanos, passageiros começaram a aparecer no portão. Meus vizinhos de cadeira foram recebê-los com cumprimentos à distância, num abaixar e levantar do corpo. A ausência de barulho ou contato físico era plena de alegria . O nível da emoção do reencontro podia ser notado pelo aumento gradual na velocidade dos cumprimentos que trocavam. Observando as roupas, pescando pedaços de conversas, brinquei de adivinhar a nacionalidade das mais variadas pessoas que passaram por ali. Assim que o vôo vindo do Brasil aterrizou, troquei de lugar: Saí da cadeira, e de observadora e corri para o abraço.
O saguão daquele aeroporto era um pequeno retrato da diversidade de pessoas que convivem neste país.


11 comentários:

Tullius disse...

Com tanta gente atrás desse moleque no aeroporto, ficou difícil entender o que ele estava fazendo por ali. Aparentemente, não faltava ninguém e estava a família inteira em terra firme.

Laís disse...

Adriana, adorei.
diz para este tal Tullius, que ele deve ser um sujeito solitário e provavelmente ninguém o espera no aeroporto. Judiação.
bjs
Taís

Anônimo disse...

A primeira coisa que a gente repara quando chega no aeroporto daí é o pout pourri de pessoas.
abraço
Ernesto

Anônimo disse...

Também quero vc esperando no aeroporto quando eu aparecer por aí... com flores e família completa!!!!!!
corri para o abraço
visitante

renata disse...

Além de ser um país de muitas caras, é um país governado por um cara de pau.

Olivia Malagola disse...

Oi, Adriana,
É impressionante a diversidade das pessoas especialmente no tocante aos usos e costumes. Voc~e pode imaginar o quê seria um avião chegando a Itália... todos falando ao mesmo tempo, gesticulando, chorando e rindo! Salve a diferença
Olivia.

Chico disse...

sou de família italiana. No aeroporto nos recebemos exatamente como a Olívia falou, numa deliciosa bagunça.
abraço
Chico

Anônimo disse...

adorei o título,resume perfeitamente o espírito deste país.
Célia

Anônimo disse...

adorei seu relato sobre o grupo de dança e das professoras estou procurando e gostaria q vc me informasse:
os horàrios ;preço da aula ;qua tas vezes por semana e o bairro e se aceitam crianças.

grato

Anônimo disse...

gostaria de que a resposta sobre as aulas de dança fosse atraves de seu blog.
grato

wxrio disse...

olá; adriana;estou aquardando resposta sobre as aulas de dança,gostaria q vc respondesse atodos atraves do blog e nao do meu e-mail