domingo, 13 de maio de 2007

Patrol



Quando sua filha não consegue dormir de emoção porque no dia seguinte ela poderá entrar na Patrol, a patrulha infantil que ajuda a manter a ordem no ônibus escolar, você pensa que talvez tenha chegado a hora de voltar. Quando você percebe que os olhos de sua cria ficam marejados cantando o hino americano na escola, ah, meus caros, é porque passou da hora de voltar.
Aqui as crianças têm que estudar ortografia com a lição de casa todos os dias. Mas elas adoram pôr a culpa em mim quando erram a grafia de alguma palavra na hora do ditado. Dizem que, com o meu sotaque, não conseguem entender nada!
Quer dizer, suas próprias filhas, que até então você ajudava com aquela superioridade dos adultos, ensinando tudo sobre a vida, começam a corrigir sua pronúncia de inglês na frente de todo mundo? É o fim!
Uma amiga contou que o filho outro dia puxou-a para um canto e pediu: “Mãe, vem cá. Não precisa falar inglês com meus amigos, tá?”
Tá o caramba! É impressionante como os pequenos são infinitamente mais capazes de aprender a melodia de uma nova língua e falar feito nativos do que nós, macacos velhos. Não conheço pais que falem inglês melhor que o filho. Os pais sempre ficam em desvantagem, enquanto os danados, completamente à vontade, aproveitam para desafiar a gente o tempo todo.
Acho que está na hora de voltar.

14 comentários:

Olivia Malagola disse...

Oi, Adriana, quê voltar quê nada! Suas filhas e vocês também, estão tendo a oportunidade de tomar contato com uma outra cultura, uma outra língua e isto fará toda a diferença no futuro. Quizera eu ter podido proporcionar essas experiências aos meus filhos. Venha aqui para matar as saudades de quando em quando mas aproveite o tempo aí. Falo por experiência que meus 68 anos permitem. Já estive mais de dez vezes aí e conheço o território americano melhor que o Brasil. Aqui nem conheço Serra Negra! Aproveite!

Adriana Abujamra disse...

Olívia,
Quer dizer que para vc o território americano é bem conhecido? Quero saber da sua experiência por aqui.

Frodo Balseiro disse...

Adriana
Descobri seu blog por uma citação na Marina Campos Melo.
D+ !
Não volte não que "a coisa aqui tá preta"!
Além do que se voltar, perdemos suas experiências daí!

Anônimo disse...

Volta não Adriana. Nem que o Real derrube o dólar. Esta fase que suas filhas estão atravessando vai ser muito útil lá na frente. Aqui não tem nada para elas aprenderem. Nem patrulha mirim.
Vi a dica do seu blog no blog da Patrícia Campos Mello. Ela tem razão. É muito divertido. Abraços

Unknown disse...

Drica,
A minha mãe tem razão.
Fica mais um pouco porque agora
seu blog virou um vício.
Beijos

Anônimo disse...

Oi Dri,

O problema agora é se a Jú resolver dar ordens em casa
Saudades, Beijos

Adriana Abujamra disse...

Frodo,
De longe, a gente só lembra das maravilhas do Brasil.

Adma disse...

Drica, tequinha querida, adorei ler as coisas que você escreve. Quando você voltar já pode escrever um livro."As emoções, frustrações e temores" de quem viveu longe da pátria que eu não sabia que era tão amada.Achei uma graça as coisas que você conta das filhotas, e tudo mais. Aqui as coisas estão tão paradas que tenho certeza, você qundo voltar sentirá saudades daí.
Beijos mil,
Adma

Adriana Abujamra disse...

João Carlos,
Espero que vc tenha razão e que esta experiência seja útil lá na frente. Mas agora, bem que a patrulha mirim podia pegar + leve e parar de se queixar do nosso sotaque.
abraço

Olivia Malagola disse...

Oi, Adriana. Trago nos meus gens e curriculum boas experiências americanas. O meu pai viveu nos EUA mais de 20 anos, dos 16 aos 40 e, voltando para rever a família, conheceu a minha mãe no navio. Acabou ficando, engajou-se na Revolução de 32, casou-se, arrumou um emprego na Light & Power. Não retornou mais porém, nunca se readaptou bem aqui. Era só saudades da vida dos EUA. Minha mãe, por sua vez, tinha estado em NY em visita a uma irmã e para apreender o inglês arrumou um emprego no Empire State Building - imgine, logo após a inauguração! Findo este período teve que voltar pois trabalhava no Mackenzie. Esta também era só saudades do tempo passado aí. Anos se passaram e conheci meu segundo marido, o Ricardo. Ele conheceu os EUA no ano de 73, ficou entusiasmado e, quando voltou ao Brasil requereu o visto de imigrante, com direito ao trabalho, fez vários exames de capacitação, pois ele é médico. Depois de toda esta maratona, na hora de embarcar, a sua primeira esposa desistiu. Sem omentários... Como tudo vem para bem, este fato proporcionou o nosso encontro - se ele estivesse aí, provavelmente eu não o teria conhecido. Desde então fomos pelo menos uma vez por ano, as vezes até duas, sempre alugando um carro em Miami e saindo "easy rider". Nunca traçamos um roteiro só sabíamos a direção. Ao norte fomos até o Canada; à oeste fomos até S. Francisco, indo pelo sul e voltando pelo meião. Numa outra vez fizemos o roteiro enviezado, isto é, Miami até Oregon. Este roteiro foi muito engraçado. Íamos aos bailes "coutry" nas cidadezinhas interioranas. Fomos de Key West até o Nebrasca e também de Miami até o Canada subindo pelas Appalaches, entrando no Canada por Detroit e percorrendo todo o sul do Canada, e reentrando nos EUA por New Brunswick, descendo toda a costa leste de norte a sul até Miami. As nossas férias eram de 30 a 35 dias, guiamos mais de 55 mil km. Tenho muitas estórias para contar. Sempre viajávamos pelas "back roads" para ter contato com o povo, parar e freqüentar os mesmos lugares deles. Fora da rota de turistas. Valeu a pena! Comparativamente eles estão uns 50 anos na nossa frente e este "gap" aumenta mais e mais.
Aqui as perspectivas para o futuro são sombrias, especialmente para as novas gerações. Tenho muitos conhecidos que passaram pela sua experiência e quando voltaram se arrependeram. Passados os primeiros momentos de matar as saudades, quando caem na real vem a deprê. Tudo de bom, força!

Anônimo disse...

Adriana
Negreli, viciou no blog e largou o cigarro?

Anônimo disse...

Olivia,
muito bacana suas histórias

Unknown disse...

dri,quando vc voltar tera´que escrever um livro.Suas histórias são ótimas e vc escreve muito bem.bjs

Herodoto F. Bento-DeMello disse...

Oi Adriana, eu acho que sou um pouco diferente da turma que comentou aí pra cima. A última coisa que eu gostaria é viver nos EUA. O que eu conheci já foi suficiente pra querer distância. Mas, gosto não se discute. E, se eu visse um filho ou uma filha minha se encantando com os valores daí, eu voltava correndo. O Brasil tem muitos defeitos, imensos defeitos mas não tem essa prepotência e esse sentimento de que os outros (desculpe a expressão) sejam o cocô do cavalo do bandido que perdeu o duelo.
Aliás, mesmo no Brasil os grandes centros já não me encantam, já fugi do eixo Rio-São Paulo. Moro numa casinha no interior do Paraná, com a minha horta e o meu jardim, há uma quadra da universidade em que leciono. É..., o salário está uma m...
Felicidades.