sábado, 19 de julho de 2008

Recalculando



-- Pai, falta muito?
-- Estamos na reta final. Daqui a vinte minutos estaremos em Big Sur.
-- Como você sabe?
-- A Dorothy me avisou.
-- Vou sentir falta da Dorothy quando a gente devolver o carro.
-- Eu adoro quando ela avisa que está “recalculando”.
Dorothy foi o apelido que as meninas deram ao sistema de navegação do carro, o GPS. Três carros da polícia faziam uma barreira na estrada impedindo que seguíssemos adiante:
-- Big Sur foi evacuada por causa dos incêndios. Ninguém entra.
-- Qual estrada está disponível?
-- A 101. Vocês têm que voltar para trás.
-- Quanto tempo para chegar até lá?
-- Umas três horas.
-- Ah, não!
-- No mínimo, meus caros.
Demos meia-volta com o carro e Dorothy desembestou:
-- Recalculando! Recalculando! Recalculando!
Paramos o carro. Dorothy ficou quieta. A barreira policial ficava a poucos metros de um restaurante. As mesas estavam todas ocupadas. A dona do recinto era a única feliz por ali. Acho que a mulher vive jogando fogo na mata só pro policial fazer barreira e todo mundo ir comer na espelunca dela. Brincadeira, o lugar era uma graça com vista privilegiada para o Pacífico.
-- É muito chato, ter que viajar tudo de novo.
-- Meninas. Para jogar a raiva para fora, vocês estão liberadas para falar o palavrão que quiserem, em português, por trinta segundos.
Os primeiros dez segundos elas perderam assimilando a mensagem. Os outros dez segundos, tentando relembrar os palavrões na língua materna. Por fim aliviaram a alma nos dez segundos finais.
Logo entrou um grupo de amigos no restaurante. Um deles vestia uma camiseta com uma frase nas costas: “Today is my lucky day!” O sortudo sentou numa mesa ao nosso lado, apoiou a cabeça na mão e bufou desanimado com a barreira policial e os incêndios.
De volta ao carro, acordamos Dorothy. Vários carros passavam na direção contrária, rumo a Big Sur, os motoristas felizes sem saber da barreira policial lá na frente. As meninas primeiro pensaram em avisar as pessoas. Mas logo mudaram de idéia completamente e, recalculando, passaram a gritar para todos os carros que passavam pela gente:
-- Today is your lucky day! Go straigth right away! ( Hoje é seu dia de sorte! Vai reto toda vida!)

9 comentários:

Anônimo disse...

Adriana, GPS é uma maravilha!Pra quem é completamente perdido pra caminho- como eu- o aparelho é uma mão na roda.
bjs
Marisa

Anônimo disse...

pra mim nem GPS adiantou. Quando o carro estava no meio de muitos prédios o infeliz não sabia me dar caminho, era lerdo....

Anônimo disse...

bem que este tal GPS podia ajudar a gente, além de encontrar ruas, a achar o melhor caminho a seguir na vida. Seria o máximo!!!
abç
Lisa

Anônimo disse...

imagino o cara com os dizeres de sortudo nas costas tendo que encarar uma barreira na estrada por causa do fogo!
abraço
T.C.

Anônimo disse...

vcs fizeram a viagem pela estrada que beira o Pacífico? É muito bonito o caminho.
abraços

Anônimo disse...

Ainda bem que elas não perderam o espirito brasileiro de rir de tudo...Beijos

Anônimo disse...

Preciso de um GPS imediatamente! Basta de ficar perdida pela cidade.

Anônimo disse...

Será que existe GPS para emcontrar o homem perfeito?

Anônimo disse...

carina, se inventarem GPS que encontre homem já tá valendo, pq homem perfeito ninguém encontra, eles ainda não foram inventados.