Sexta- feira as meninas trouxeram amigas pra casa. A mãe de uma das crianças e o pai da outra chegaram quase juntos para buscar as crias. Por coincidência os dois são separados e resolvi brincar de cupido. Convidei-os para entrar e tomamos um vinho juntos. As meninas estavam entretidas com uma argila natural recém descoberta no parque e comemoraram o tempo extra para acabar de fazer aquela meleca que elas chamam de obra de arte. Além disto, convenceram os pais que só iriam depois que jantassem aqui. As duas meninas gêmeas de cinco anos que chegaram com a mãe para buscar a irmã, jogaram os sapatos para o alto e se juntaram às outras. Elogiei as gêmeas:
- Quer levar? - a mãe logo ofereceu.
O pai, imigrante europeu, com um corte de cabelo todo estiloso, saboreava o vinho. Ele gosta de cozinhar, ela diz que nem o cachorro engole sua comida. Ele olhava com certo desdém a americana com roupas desleixadas, unhas com esmalte descascado e cabelo preso num lápis no alto da cabeça. Definitivamente ela não fazia o tipo dele. E nem ele o dela.
Depois do terceiro copo de vinho, a mulher levantou e proclamou que o namorado mais “caliente” que teve em toda sua vida era brasileiro. Ela acha que o sujeito que mora aqui em casa é “romeno”, por algum motivo. Ainda bem. Tentei lembrar de nossos amigos brasileiros, todos barrigudos e começando a ficar carecas. Definitivamente, nenhum parece estar perto do ideal que a mulher descreveu...